Hotel Memória



· Autor: João Tordo
· Editora: Quidnovi
· Edição: Fevereiro de 2007


Sinopse:

“O narrador deste romance é um estudante que, ao chegar a Nova Iorque para uma pós-graduação, conhece na universidade uma rapariga bastante enigmática chamada Kim pela qual se apaixona doidamente. Apesar de achar que nunca será capaz de a conquistar, acaba por ser correspondido no seu amor, embora não chegue nunca a decifrar inteiramente os mistérios que envolvem a rapariga. É por isso também que a morte desta, brutal e inesperada, o vai encher de culpa e remorso e lança-lo numa espiral descendente que o transformará num autêntico vagabundo. É então que, sem dinheiro nem bens, o protagonista chega ao Hotel Memória, um estranho lugar na Baixa de Manhattan que parece destinado a albergar criaturas perdidas; e é também aí que conhece Samuel, um excêntrico milionário que o desafia a procurar um fadista português desaparecido, Daniel da Silva, emigrado para os Estados Unidos na década de sessenta. A pouco e pouco, deparando-se com o inesperado a cada esquina, o narrador vai-se embrenhando nesse mistério por resolver, e a busca por Daniel da Silva transforma-se na busca do seu próprio eu, da sua identidade perdida e do seu passado. Tendo Nova Iorque como pano de fundo, dos anos sessenta até ao presente, e criando a figura inesquecível de Daniel da Silva, o fadista que conquista Manhattan com o seu talento, Hotel Memória é, ao mesmo tempo, um romance de mistério, um policial e uma aventura. Inspirado pela ficção de Edgar Allan Poe e de Melville, que são referências constantes, é um livro ao mesmo tempo intrigante e comovente, que lida com os fantasmas da memória, da culpa e da redenção.”
http://www.wook.pt/ficha/hotel-memoria/a/id/191135


Informações acerca do autor:

"Nasceu em Lisboa em 1975 num ambiente artístico. Filho do cantor Fernando Tordo e de Isabel Branco que sempre esteve ligada ao cinema e mais tarde à moda. Andou no Liceu Pedro Nunes e «era o único que não jogava rugby», em vez disso lia, 'vício' que lhe pegou o padrasto depois do divórcio dos pais. Acabado o 12º ano, resolveu ir para Filosofia por ser «uma boa maneira de se pôr a pensar». Entrou na Universidade Nova de Lisboa e sentiu o peso da exigência do curso. As aulas de Filosofia medieval marcaram-no e confessa que a partir dali nunca mais viu o mundo da mesma maneira. Depois do curso ainda trabalhou em Lisboa algum tempo como jornalista freelancer mas sentiu a «necessidade de sair daqui e ir viver outras coisas». Foi o que fez e em 1999 rumou a Londres para fazer um mestrado em Jornalismo. A cidade influenciou-o a tantos níveis que quis ficar até «ao limite das suas possibilidades», mas quando deu por si a trabalhar num bar e a fazer traduções percebeu que era tempo de partir. A próxima paragem tinha que ser Nova Iorque - sempre o fascínio das cidades - e os cursos de escrita criativa do City College. Ia às aulas de manhã, servia às mesas de um restaurante durante o jantar e escrevia pela noite dentro. Os Homens sem Luz nasceram assim. No futuro, há outras histórias para contar.”




Opinião Pessoal­:

· Classificação: Atribuo 5 Estrelas a esta obra : )

· Critica Final: Simplesmente Adorei esta obra!

Escolhi este livro não só por participar no 6º Concurso Nacional de Leitura na ESPBS mas também pela curiosidade despertada após a leitura de um excerto pelo professor.

É uma obra que prende o leitor pelo seu suspense, pelo mistério que ocorre em cada avanço na intriga, pelo motivo da existência de determinadas personagens, pelas atitudes inesperadas, pela aventura e ação que ocorre mas o mais interessante é a intriga amorosa que existe. Sendo este um dos principais motivos para o desenrolar da ação. Simplesmente é uma belíssima obra que aconselho a qualquer tipo de leitor.

Esta obra utiliza uma linguagem simples e de fácil compreensão, é recheada de novos conhecimentos tais como estilos de música, principalmente o fado. É também recheada de conhecimentos históricos tais como locais de Nova Iorque (cidade onde ocorre integralmente a ação) que são o oposto da opinião que eu tinha acerca desta cidade. O autor descreve muito pormenorizadamente certos momentos mas isso não torna a obra maçadora.

No início da leitura começam a existir perguntas para as quais não obtemos resposta e ai surgem mais aspetos curiosos colocando-nos ainda mais expectantes e assim sucessivamente até que chegamos praticamente ao final da obra e tudo começa a fazer sentido.

A personagem principal desta obra é Ismael, (é ele quem conta a intriga) que vai estudar para Nova Iorque ai conhece o seu melhor amigo, Manuel, e a sua grande amada, Kim, que acaba por morrer. Ismael com este acontecimento sente-se culpado pelo que aconteceu e deixa de dar importância aos estudos e passa maior parte do tempo no quarto. É então que Ismael entra num período onde não tem dinheiro, encontra-se solitário e sobretudo sem rumo. Até que aparece Samuel este pede-lhe que faça um trabalho de investigação mas Ismael reconheceu aquela face, pois no funeral de Kim esse mesmo homem estava presente. Ismael acaba por aceitar a proposta e para mim a história começa a ser mais interessante a partir deste momento.

O final da obra é deveras fantástico, confesso que nunca pensei que tudo estaria tão ligado. Pode verificar que a tão conhecida expressão “O mundo é pequeno” não é dita para o vento levar, pois é uma expressão verídica e real pois não seria por acaso que uma simples paixão de um rapaz por uma rapariga misteriosa estivesse relacionada com um enredo onde um fadista vivia escondido e “preso” da vida real com medo de morrer, mais precisamente de ser morto.

Como já referi anteriormente, adorei os últimos parágrafos da obra não só pelo desvendar de todo este mistério mas também pela forma como o narrador a relata utilizando um estilo profundo e sentido.


“E, apesar deste livro ter nascido da escuridão, julgo que encontrei, no meio de tudo o que me aconteceu, uma réstia de luz, a esperança vã de descobrir que tudo afinal, não passa de um sonho.”


Não sei verdadeiramente o motivo, mas esta frase marcou-me após a sua leitura uma vez que podemos traze-la para o nosso dia-a-dia alem disso considero que é aqui que está a mensagem desta obra. Pois como Ismael viveu em sofrimento, com remorsos e sentindo-se culpado pelo passado, ele acabou por encontrar a resposta para todas as suas perguntas e assim a sua paz interior. Nas nossas atitudes ao longo da vida podemos aprender que por mais escuro que seja cenário da nossa vida há sempre uma réstia de luz, a que chamamos esperança, é nela que poderemos obter as nossas respostas tal como Ismael. Esta obra também nos transmitiu que para alcançarmos os nossos objetivos temos que ser persistentes e teimosos e mesmo que não encontremos um rumo temos que ter força de vontade para o encontrar tal como Ismael o fez.

Esta obra também me chamou atenção por falar de um estudante que tinha a possibilidade de sucesso na vida e desperdiçou-a, aprendi assim que na vida de estudante e não só, quando nos dão possibilidades que são um apelo de sucesso para o futuro não a podemos desperdiçar pelos contratempos da nossa vida pessoal.

2012-01-20