Os Maias



Noções sobre a obra:

· Autor: Eça de Queiroz
· Editora: Livros do Brasil

· Edição: Lisboa, Janeiro de 2008

Sinopse:

“Trata-se da obra-prima de Eça de Queirós, publicada em 1888, e uma das mais importantes de toda a literatura narrativa portuguesa. Vale principalmente pela linguagem em que está escrita e pela fina ironia com que o autor define os caracteres e apresenta as situações. É um romance realista (e naturalista), onde não faltam o fatalismo, a análise social, as peripécias e a catástrofe próprias do enredo passional.
A obra ocupa-se da história de uma família (Maia) ao longo de três gerações, centrando-se depois na última geração e dando relevo aos amores incestuosos de Carlos da Maia e Maria Eduarda.
Mas a história é também um pretexto para o autor fazer uma crítica à situação decadente do país (a nível político e cultural) e à alta burguesia lisboeta oitocentista, por onde perpassa um humor (ora fino, ora satírico) que configura a derrota e o desengano de todas as personagens.”

http://www.wook.pt/ficha/os-maias/a/id/2919059



Informações acerca do autor:

“José Maria Eça de Queirós nasceu na Póvoa do Varzim em 25 de Novembro de 1845. Curiosamente (e escandalosamente para aquela época) foi registado como filho de José Maria d`Almeida de Teixeira de Queirós e de mãe ilegítima.

O seu nascimento foi fruto de uma relação ilegítima entre D. Carolina Augusta Pereira de Eça e do então delegado da comarca José Maria d`Almeida de Teixeira de Queirós. D. Carolina Augusta fugiu de casa para que a sua criança nascesse afastada do escândalo da ilegitimidade.

O pequeno Eça foi levado para casa de sua madrinha, em Vila do Conde, onde permaneceu até aos quatro anos. Em 1849, os pais do escritor legitimaram a sua situação, contraindo matrimónio. Eça foi então levado para casa dos seus avós paternos, em Aveiro, onde permaneceu até aos dez anos. Só então se juntou aos seus pais, vivendo com eles no Porto, onde efetuou os seus estudos secundários.

Em 1861, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Aqui, juntou-se ao famoso grupo académico da Escola de Coimbra que, em 1865, se insurgiu contra o grupo de escritores de Lisboa, a apelidada Escola do Elogio Mútuo.

Esta revolta dos estudantes de Coimbra é considerada como a semente do realismo em Portugal. No entanto, esta foi encabeçada por Antero de Quental e Teófilo Braga contra António Feliciano de Castilho, pelo que, na Questão Coimbrâ, Eça foi apenas um mero observador.

Terminou o curso em 1866 e fixou-se em Lisboa, exercendo simultaneamente advocacia e jornalismo. Dirigiu o Distrito de Évora e participou na Gazeta de Portugal com folhetins dominicais, que seriam, mais tarde, editados em volumes com o título Prosas Bárbaras.

Em 1869 decidiu assistir à inauguração do Canal do Suez. Viajou pela Palestina e daí recolheu variada informação que usou na sua criação literária, nomeadamente nas obras O Egipto e A Relíquia.

Por influência o seu companheiro e amigo universitário, Antero de Quental, entregou-se ao estudo de Proudhon e aderiu ao grupo do Cenáculo. Em 1870, tomou parte ativa nas Conferências do Casino (marca definitiva do início do período realista em Portugal) e iniciou, juntamente com Ramalho Ortigão, a publicação dos folhetins As Farpas.

Decidiu entrar para o Serviço Diplomático e foi Administrador do Concelho em Leiria. Foi na cidade do Lis que elaborou O Crime do Padre Amaro. Em 1873 é nomeado Cônsul em Havana, Cuba. Dois anos mais tarde, foi transferido para Inglaterra, onde residiu até 1878. Foi em terras britânicas que iniciou a escrita d` O Primo Basílio e começou a arquitetar Os Maias, O Mandarim e A Relíquia. De Bristol e Newcastle, onde residia, enviou frequentemente correspondência para jornais portugueses e brasileiros. No entanto, a sua longa estadia em Inglaterra encheu-o de melancolia.

Em 1886, casou com D. Maria Emília de Castro, uma senhora fidalga irmã do Conde de Resende. O seu casamento é também sui generis, pois casou aos 40 com uma senhora de 29.

Em 1888 foi com alegria transferida para o consulado de Paris. Publica Os Maias e chega a publicar na imprensa Correspondência de Fradique Mendes e A Ilustre Casa de Ramires.

Nos últimos anos, escreveu para a imprensa periódica, fundando e dirigindo a Revista de Portugal. Sempre que vinha a Portugal, reunia em jantares com o grupo dos Vencidos da Vida, os acérrimos defensores do Realismo que sentiram falhar em todos os seus propósitos.

Morreu em Paris em 1900."





Opinião Pessoal­:

Classificação: Apesar de ter apreciado bastante a intriga desta obra classifico-a com 4 estrelas devido a ser uma obra muito extensa.

Critica Inicial:
Vou iniciar a leitura do VII capítulo (página 191).

Não estou a achar a obra muito interessante visto que é muito extensa e apresenta um vocabulário um pouco difícil, as páginas iniciais tornam-se maçadoras pois todas as ações, todos os espaços, tudo relacionado com as personagens (as roupas, a sua descendência, o seu carácter, relações do passado e outras mais informações) é tudo descrito e muito pormenorizado, exemplificando a passagem que fala da decoração do escritório do Carlos e do aspeto físico das personagens, pois detalham tudo muito bem, desde a cor do vestido, á cor dos cabelos, áquilo que favorece a personagem ou não, aos objetos e cores utilizados na decoração. Como a intriga é longa surgem várias personagens o que nos faz baralhar um pouco.

O mais desinteressante, para mim, é que após a pausa demorada da leitura perdemos a noção da intriga e das respetivas personagens e por outro lado os temas abordados como a política e o estado financeiro do país não são temas que me agradem.

Após a leitura, verifiquei que a obra fala de acontecimentos históricos e fornece-nos vários conhecimentos acerca do mundo.

Confesso que enquanto lia o VI capítulo apesar de não perceber nada de política, nem de economia, vi um pouco do estado atual do nosso pais, a nível financeiro refletido naquilo que li.

Na minha opinião, as passagens mais cativantes foi sobretudo a história de D. Pedro sobretudo a sua relação com a Maria Monforte, esta foi uma relação que não foi fácil para ficarem juntos devido a D. Afonso. D. pedro acaba por ter um final trágico pois acabou por se matar. Achei comovente a relação forte que existia entre Pedro e sua mãe.

Espero sinceramente que nas próximas leituras a intriga se torne mais cativante, e que se passe algo que seja realmente marcante e que se sobreponha a todos os banquetes e convívios que fazem incluindo as conversas que têm.
2 de Outubro de 2011

 Critica Final:

Após um longo período e com muitas interrupções terminei a obra. Inesperadamente, esta obra revelou-se bastante interessante sobretudo nos últimos capítulos, onde a ação se desenrola de forma mais interessante e cativante. Contudo a descrição levada ao pormenor continua presente ao longo da obra.

Os Maias é uma obra repleta de conhecimentos históricos do nosso país mas também de conhecimentos acerca da sociedade do século XIX, ou seja, são nos dados a conhecer os costumes, hábitos, passatempos e vícios das personagens, tais como, o modo como se vestiam, os serões que faziam, a educação que lhes era dada, a cultura que adquiriam, os passatempos como a literatura e o dominó etc.

Ao longo da obra existiram momentos que me marcaram positivamente e negativamente. A história da traição e do suicídio de D. Pedro foi um episódio que me marcou negativamente, pelas atitudes e ações trágicas tomadas pelas personagens que me deixaram muito angustiada e desolada. A descoberta do elo de ligação entre Carlos e Maria Eduarda, para mim foi muito emotiva e senti muita pena por este acontecimento, uma vez que, esta descoberta pôs um ponto final numa história de amor mas não só…

Os episódios que me marcaram positivamente foram o momento em que Carlos apostou em Vladimiro, supostamente o cavalo menos apto, mas que saiu vencedor ganhando o dinheiro apostado pelos seus companheiros noutro animal. No final da leitura deste acontecimento a expressão “bem-feita” foi a primeira coisa que me surgiu, uma vez que, este episódio mostrou que os mais fracos podem ser sempre vitoriosos e considerei um episódio justo. Um episódio muito divertido foi no final da obra quando Ega e Carlos têm que correr para apanhar o americano. Apreciei também o momento nostálgico em que Carlos e Ega visitaram o Ramalhete e como Carlos mencionava “assentaram a teoria definitiva da existência”.

Na minha opinião esta obra trata-se de uma tragédia assim como de uma crítica à sociedade, uma vez que, o autor elabora uma crítica “aos podres” da sociedade retratada na obra. Ou seja, nesta estão presentes temáticas como a existência de um país estagnado, como podemos verificar nas atitudes de várias personagens que consideravam o seu país um fracasso, valorizando por isso cidades como Paris, entre outras. Estas atitudes de pensar favoreciam a estagnação do país. Além disso está presente o adultério representado essencialmente pela Condessa de Gouvarinho e ainda pela Raquel Cohen. A condessa de Gouvarinho tal como Raquel Cohen eram casadas mas mantinham relações com outros homens. Raquel Cohen inicialmente foi companheira de João de Ega e mais tarde de Dâmaso. No caso de Condessa de Gouvarinho insistia em manter relações com Carlos. No final da obra, verificámos o incesto entre Carlos e Maria Eduarda. Existe também uma crítica à educação, sendo feita por isso uma comparação entre a educação portuguesa representada por Eusebiozinho e à educação à inglesa por Carlos. Existem algumas personagens que demonstram não terem cultura sendo também uma crítica à sociedade inculta de Portugal.

Após a leitura de textos sobre a análise da obra achei muito interessante a simbologia presente em simples objetos e até em atitudes que devido à minha distração nunca as tomaria como um indício trágico, achei muito interessante o pormenor da cascata ao longo da obra, da estátua da deusa Vénus, dos semelhantes nomes das personagens. Simplesmente, achei surpreendentes estes pormenores que só nos indicam que as personagens têm um destino.

Infelizmente, confesso que por vezes não estava muito atenta à narrativa e só descobri a essência da obra quando cheguei ao momento em que o Sr. Guimarães dá o cofre ao Ega e revela toda a verdade que une Carlos e Maria Eduarda e foi nesse momento que me recordei daquilo que Carlos e Maria Eduarda tinham em comum. Na minha opinião se estivesse realmente atenta iria retirar um pouco do suspense contido na intriga, pois acabaria por supor o que ia acontecer no final.

Em suma, aconselho esta obra a todo o tipo de leitores pois é uma obra recheada de tragédia mas sobretudo de conhecimentos.
18 de Fevereiro de 2012